07/08/2018
Maíra Menezes
Em dez anos, a Pós-graduação em Biologia Computacional e Sistemas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) formou 47 mestres e 35 doutores.
Expandindo sua atuação para além dos muros da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Rio de Janeiro, o curso chegou ao Paraná, Minas Gerais, Ceará, Amazonas e Acre. Além disso, atraiu docentes de diversas instituições de pesquisa e discentes oriundos de diferentes áreas do conhecimento.
No ano passado, a qualidade da formação profissional oferecida foi reconhecida com a elevação do conceito na avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Prêmio Capes de Tese na categoria Interdisciplinar. Essas e outras conquistas da primeira década do curso foram destacadas em seminário comemorativo realizado em 16/05.
Com a participação de docentes, discentes e alunos egressos, o evento também discutiu os desafios para o futuro.
“É muito importante comemorar dez anos de formação de recursos humanos especializados em uma área na qual há enorme demanda de profissionais”, ressaltou o vice-diretor de Ensino, Informação e Comunicação do IOC, Marcelo Alves Pinto, que participou da mesa de abertura do evento, ao lado do coordenador geral adjunto de Educação da Vice-Presidência de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz, Milton Osório Moraes; da coordenadora da Pós-graduação em Biologia Computacional e Sistemas, Ana Carolina Ramos Guimarães; e da representante discente do Programa, Letícia Lima.
Primeiro palestrante do seminário, Milton abordou a formação de recursos humanos e internacionalização das pós-graduações da Fiocruz.
O pesquisador destacou que, de 1980 até 2017, a Fiocruz registrou colaborações em quase todo o mundo, com cooperações estabelecidas em 179 países.
“Essa é uma boa notícia para os nossos alunos. A internacionalização das Pós-graduações é relevante não apenas por ser um fator de avaliação da Capes, mas porque a ciência deve ser pensada como uma linguagem universal. Desejamos que os nossos estudantes possam se empregar em qualquer lugar do mundo e que nossos Programas possam contar com a participação de docentes e discentes de diferentes países”, salientou.
Critérios para o reconhecimento
Em sua apresentação, Ana Carolina lembrou que o Programa de Pós-graduação em Biologia Computacional e Sistemas surgiu a partir de uma área de concentração criada em 2003 no Programa de Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular do IOC.
Em 2007, o curso foi credenciado pela Capes, recebendo o conceito 4. A nota foi elevada para 5 no ano passado, como resultado da avaliação quadrienal realizada pela entidade.
Segundo a coordenadora, a atuação em diversas regiões do país, o oferecimento de disciplinas na modalidade de educação a distância (EAD) e a qualidade da produção acadêmica do curso estiveram entre os pontos positivos destacados no processo.
“Essa nota foi um grande presente para comemorar os dez anos do curso e chegou como resultado do trabalho de todos, incluindo discentes, docentes, coordenadores, secretaria, diretoria e vice-presidência”, comemorou.
Uma mesa redonda com a participação da atual coordenadora e de ex-coordenadores promoveu um debate entre docentes e discentes. O chefe do Laboratório de Bioquímica Experimental e Computacional de Fármacos do IOC, Floriano Paes Silva Junior, que esteve à frente do Programa entre 2010 e 2013, salientou o caráter inovador presente desde a criação do curso.
“Os primeiros docentes não eram bioinformatas de formação, mas sim físicos, farmacêuticos, biólogos e engenheiros de computação, entre outros, que se propuseram a trabalhar em conjunto em questões das áreas biológica e da saúde. O tom do curso sempre foi não ter medo de arriscar”, lembrou.
Coordenador de 2013 a 2017 e atualmente coordenador adjunto da Pós-graduação, Ernesto Raúl Caffarena, pesquisador do Programa de Computação Científica da Fiocruz (PROCC/Fiocruz), apontou questões importantes para avançar nas próximas avaliações da Capes.
“Estamos contentes com o que conseguimos até agora. Para alcançar o conceito 6, os alunos precisam publicar mais em conjunto com os orientadores e os docentes também devem publicar mais em colaboração”, disse.
Convidado a participar da mesa, o pós-doutorando Thiago Estevam Parente ressaltou a inserção de jovens pesquisadores no Programa. “Entrei no programa como orientador. Esse acolhimento não ocorre em muitas outras pós-graduações. A capacidade de inovar e de sair do óbvio é um diferencial da Biologia Computacional e Sistemas”, comentou.
Integração entre ciências biológicas e exatas
A experiência dos estudantes do curso foi discutida em palestras realizadas por alunos egressos e pela representante dos atuais discentes. Primeira doutora formada pelo Programa, Anna Beatriz Robottom defendeu sua tese em 2011.
Pesquisadora na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), ela ressaltou a formação interdisciplinar da Biologia Computacional e Sistemas, unindo as áreas biológicas e de exatas.
“Algumas disciplinas de exatas assustam os biólogos, mas com união entre os alunos e apoio dos docentes é possível passar por essas matérias. As técnicas da bioinformática têm um alto potencial para gerar hipóteses e perguntas. A formação da Pós-graduação foi crucial para minha aprovação no concurso da Embrapa”, ponderou.
Ganhador do Prêmio Capes de Tese na categoria Interdisciplinar no ano passado, Raphael Tavares da Silva é atualmente pós-doutorando na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Em sua apresentação, ele deu dicas para os atuais discentes do Programa.
“Durante o curso, precisamos aprender a programar, conhecer os sistemas operacionais e estudar a biologia, que não pode ser deixada de lado. Como é muita informação, pode ser melhor dominar muito bem uma técnica do que tentar aprender sobre todas as linguagens de programação”, avaliou.
A representante discente, Letícia Lima, doutoranda da Pós-graduação em Biologia Computacional e Sistemas, abordou o perfil dos estudantes do curso.
Embora os alunos oriundos das áreas de ciências biológicas e da saúde ainda sejam maioria, a presença de estudantes da área de exatas vem aumentando ao logo dos anos, reforçando o perfil interdisciplinar do Programa.
Entre os mestrandos e doutorandos matriculados atualmente, há 18 biólogos, quatro biomédicos, quatro farmacêuticos, quatro biotecnólogos, três profissionais de tecnologia da informação, dois químicos, dois administradores, um físico e um fisioterapeuta.
“A bioinformática é uma área em crescimento, que pode contribuir para a solução de muitos problemas, mas nem sempre é conhecida pelos estudantes. Acreditamos que com maior divulgação do Programa, teremos um perfil de pós-graduandos cada vez mais diverso”, disse Letícia.